Vou a uma dessas confraternizações de fim de ano, cheias de bebida, nostalgia e violão. Praticamente só se canta Roberto Carlos. E Chico Buarque? -- fico me perguntando. E Caetano? E Milton? Cantarolo Chico o tempo, maravilhado com as letras e a melodia, e não ouço nada dele naquela tertúlia.
A verdade é que em música somos sentimentais. Preferimos, aos autores que pensam, os que sonham, gemem, recordam. Como para confirmar isso, ao meu lado uma senhora levemente ébria suspira com lacrimejante nostalgia: “São tantas emoções...”
Chico, Caetano e Milton são autores-cabeça, fazem música com mensagem. Ora, o ser humano não quer mensagem -- quer massagem. Sem saída, e já na segunda dose de vinho, trato de aderir batucando discretamente na mesa: “Você foi/ o maior dos meus casos./ De todos os abraços/ o que nunca esqueci...”
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