terça-feira, 25 de agosto de 2020

O óbice de ser obeso


Li que a obesidade agrava a situação dos que são infectados pelo coronavírus. Isso tem feito alguns países, como a Inglaterra, tomar medidas duras para impedir que a população aumente de peso. Lá as lanchonetes não podem mais fazer acréscimos gratuitos aos cardápios convencionais, por exemplo. Nem é permitido, em alguns restaurantes, repetir os pratos.

O alerta dos médicos para os riscos de ser gordo e contrair o vírus anda assustando os que estão acima do peso. Sempre se soube que o sobrepeso faz mal por congestionar as artérias e sobrecarregar o coração. Mas dava para conviver sem maiores angústias com essas ameaças. Se elas vinham a matar, era de forma lenta, graças à conjunção dos maus hábitos alimentares com o sedentarismo. Agora, não. A covid-19 mata em pouco tempo e de forma dolorosa.

Como a pandemia parece se alastrar, e não há sinais de que perca força nos próximos meses, resta aos obesos agir rapidamente. É preciso que obedeçam ao que mandam os epidemiologistas, evitando sobretudo o contato social. Mesmo essa medida tem seus riscos, pois ficar em casa gera um tédio enorme e para escapar a ele as pessoas acabam comendo mais do que devem (ou podem) suportar. Além disso, o recolhimento domiciliar leva ao sedentarismo, o que impede a queima de calorias (nem todo o mundo pode instalar uma academia na copa, tem ânimo par fazer flexões no quarto ou está disposto a dar inúmeras idas e vindas da sala à cozinha).

Há quem celebre a mortal suscetibilidade dos obesos à covid-19 por achar que a doença fará as pessoas comerem menos e se exercitaram mais. Ninguém sabe, afinal de contas, quando um novo vírus vai aparecer (e talvez bem mais nocivo aos que se empenham desbragadamente em satisfazer o apetite). A obesidade é uma patologia e como tal deve ser tratada...

Não se pode contestar esse raciocínio. A obesidade é de fato uma doença, tanto que comumente se aplica a ela o adjetivo “mórbida”. Nunca ouvi falar de magreza mórbida, embora a esqualidez de certas pessoas (penso nas modelos anoréticas, por exemplo) sugira um quadro clínico limítrofe da morte. Mas a ideia de que o vírus fará as pessoas perderem peso e tornará mais saudável a humanidade não deixa de refletir o velho preconceito contra os gordos. E, com isso, de prestigiar o padrão de beleza exaltado pela sociedade de consumo.

 Sejamos prudentes ao rejeitar os que estão acima do peso. Há quem se sinta bem com os quilos a mais e contagie os outros com esse prazer. Ao gordo, com ou sem razão, costumamos associar a tolerância e a bonomia. Poucos o ligam à maldade, tanto é assim que raros são os vilões das histórias em quadrinhos que ostentam um largo corpanzil. Parece que o excesso de peso tolhe a disposição para agredir os outros. Sem falar que é para os gordos mais difícil correr da polícia.

           O fato é que, depois das revelações trazidas pela pandemia, os muito gordos terão que reagir. Chegou para eles a hora de apertar o cinto e encarar a guerra. Tudo pelo regime! Esperemos que isso não os torne céticos nem amargurados, embora vá ser difícil perceber-lhes o ar de felicidade que normalmente ostentam quando saboreiam uma picanha sangrenta ou vão a um rodízio de pizzas.

sábado, 8 de agosto de 2020

Equívoco

             Dois amigos se encontram, e um deles fala para o outro:  

         Quero lhe dizer uma coisa não muito agradável. Sua mulher está saindo com o Ferreira...

          Tem certeza?!

          Absoluta.

          Vou investigar isso.

         Três dias depois, num novo encontro, o amigo que fez a denúncia se apressa em saber se o outro de fato investigou. Tem como reposta uma gargalhada.

        Por que você está rindo?

        Não era o Ferreira!

O poder da frase