Estilo Nelson Rodrigues
Nanoite
de Ano-Novo , Orlandinho chegou em casa e
encontrou Zulmira fazendo amor com seu melhor amigo
(dele, não dela). Matou os dois a garrafadas de champanhe , que
escorreu pelo chão
e se juntou ao sangue dos traidores.
Na
Orlandinho brindou aos falecidos e depois se entregou à polícia ,
chorando lágrimas de esguicho .
Estilo adjetivo
Convoco, data venia, os egrégios
membros deste Colegiado a se
solidarizarem com a passagem
de mais um
ano . É certo
que ignoti nulla cupido , no entanto não
convém procrastinar a alegria
nem subsumir
no desencanto a esperança
de que em
2015 tenhamos legítimos ganhos tanto na
esfera privada
quanto na pública .
Para isso
devemos ser complacentes
e tolerantes , jamais
nos esquecendo de que
summum jus ,
summa injuria. Tenho dito .
Meia-noite. Sob um luar sombrio
A multidão , em múltiplos arroubos ,
O despertar
de mais um
ano novo .
E como por uma
endêmica falta de mãe ,
No afã canibalístico do beijo,
Trocam entre
si saliva
e champanhe .
Junto à mesa de um bar , e numa ânsia
A que nenhum castigo dá rebote ,
Uma mulher exibe a uma criança
O atro vórtice carnal
do seu decote .
Padece já de gota e pedras no rim ,
Persegue, com uma fúria
de demente ,
A anca bamboleante
de uma teen.
Essa bronca euforia com que o Ano-
Novo é
comemorado pela humana
coorte
Estilo nominal
E de repente ,
na praia , bum! ba! pum !
Era o Ano-Novo .
Casais shuft beijando-se, crianças rhin, rhin chorando, querendo ir
embora cedo .
E os pais croque!! bem
no cocuruto . Gente
tcham!!! mergulhando no mar depois da meia-noite . E nas
tendas ploc, grub, bup, shiii comida e bebida .
Depois aarrrgh indigestão !
Foi um
réveillon fantástico ,
com trilhões
de fogos cujo
brilho jamais
ser humano
viu. Havia mais pessoas
que grãos
de areia na praia
e à meia-noite todos
se apertaram as mãos e se beijaram,
comovidos. E choraram tanto que as lágrimas
engrossaram as águas da maré . De vazia ,
ela ficou cheia
e mais salgada .
O que mais me
chateia, quando eu
conto isso ,
é dizerem que estou exagerando.
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