Há
três tipos de posicionamento diante dos atuais escândalos de corrupção: o dos que
querem a punição para todos os envolvidos, sejam eles de direita ou de
esquerda; o dos que só admitem punição para os opositores; e o dos que não
desejam punição alguma. Para esses deve-se passar uma borracha nos delitos e
recomeçar do zero, pois crimes como o Caixa Dois faziam parte do sistema. Se
todos pecaram, ninguém pecou (não é essa a perspectiva do pecado original...).
Essa divisão do Brasil é antiga e me
faz lembrar os meus tempos de Liceu paraibano. Deles ficaram lições. Uma delas é que a lei da História é o
ressentimento (ligado ao nietzschiano desejo de poder). A esquerda, tanto
quanto a direita, quer o poder. O que a move não é propriamente a solidariedade
com os que não têm, e sim o ódio aos que têm.
Agir por ódio ou ressentimento turva o
senso de justiça e abre espaço à vingança. Quem cultiva o senso de justiça quer
que a punição se estenda a todos; os que agem por vingança desejam que se fechem
os olhos aos erros dos pensam como eles. É como se a coloração ideológica fosse
um álibi perene, que imuniza o indivíduo de todas as falhas morais (passadas e
futuras).
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O importante não é a sua opinião ser verdade, mas existir
verdade na sua opinião.
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Nada como invocar Machado (sempre ele!) para explicar
o Brasil. O país está me lembrando a Itaguaí do conto “O alienista”. Com
adaptações, claro (e para pior). Onde na novela se lê doudo (grafia
machadiana), leia-se corrupto.
Janot seria Simão Bacamarte, que pretende colocar os
doudos da cidade na Casa Verde (um hospício, por sinal, bem mais salubre do que
os atuais). Mas eram tantos os doudos que, com o tempo, havia mais deles dentro
do que fora do hospício.
A solução? Mudar os critérios, claro, pois a maioria é
que firma o consenso. Elaborou-se então um equivalente à lei do “abuso de
autoridade” para enquadrar o Dr. Aristarco e os que ele considerava sãos
(honestos). Funcionou. Os doudos deixaram a Casa Verde, e os que estavam fora
acabaram trancafiados nela.
Itaguaí é uma espécie de microcosmo, e nada impede que
o que houve lá ocorra por aqui. Janot que se cuide!
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O exame mais difícil é o de consciência. Devemos
fazê-lo todo dia, mesmo sabendo que nunca seremos aprovados.
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