Muitos tendem a julgar a opinião de
quem escreve como “a última palavra”. Acham que ele é um porta-voz da “verdade”.
Quem pensa assim esquece que o compromisso do escritor é sobretudo com a linguagem
e que a verdade do discurso não é
necessariamente o discurso da verdade.
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Tem gente que nos manda convite para um
evento e pede para “confirmar a presença”. Confirmar como, se ainda não estivemos
lá?
Pior são os que nos pedem para
“confirmar a ausência”!
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Há quem diga “tinha chego”. Essa mania de
criar particípios irregulares preocupa os que zelam pela língua. Imaginem um
dia a gente ouvir, por exemplo, uma mulher dizer que “tinha pinto”... Não ia
pegar bem!
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Fala-se muito na beleza ideal, mas pouco se
comenta sobre a feiura ideal. Até nesse aspecto, coitados, os feios sofrem
preconceito. Deve ser porque diante dos feios levamos o que se convencionou
chamar “choque de realidade”. Nesse caso a feiura seria, digamos, mais sincera,
enquanto que na beleza haveria muito de miragem. A beleza é uma promessa de
felicidade, como diz Flaubert, e promessas nem sempre se cumprem.
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Nelson Rodrigues escreveu que não se faz nada de valor
sem uma ideia fixa. Com isso ele antecipou em algumas décadas a recomendação de
“manter o foco”, que hoje é recorrente nos manuais de aconselhamento para o
sucesso.
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Todo homem é mais do que “seu”
personagem, por isso evite se confundir com o personagem que você é (palhaço,
juiz, cínico, piedoso...). Esse tipo de confusão tipifica e estigmatiza. E
sobretudo impede que emerjam outros traços da sua personalidade, pois ninguém é
uma coisa só.
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