As ocasiões extremas têm o mérito de revelar
as fragilidades de uma organização social (seja ela uma nação, uma cidade, uma
família). A "normalidade" costuma escamotear as falhas e permitir que o sistema
continue, a duras penas, funcionando. Esse pensamento tem me ocorrido a propósito
da epidemia que atualmente assola o mundo, revelando as lacunas e distorções da
assistência médica em muitos países. Os Estados Unidos são um grande exemplo.
Neles pobres e negros (geralmente se identificam) vêm morrendo porque não
existe um sistema público de saúde. Esse é um dado vergonhoso para a nação mais
rica do mundo. No Brasil, conforme temos visto pela televisão, a saúde pública
é indigente. Doentes se amontoam em corredores de hospitais por falta de
leitos. Quando há leitos, faltam respiradores nas UTIs. Sabe-se que laboratórios
e universidades buscam incansavelmente uma vacina para a Covid-19 e devem em breve
alcançar o seu propósito. Mas isso de nada adiantará se a epidemia não nos conduzir a uma forma menos negligente e mais humana de lidar com a saúde do povo.
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