domingo, 4 de março de 2012

Papo cabeça

- Eu soube que você tem lido muito. É verdade?
- É verdade, sim. Quero decifrar o enigma da vida.
- Como aquele rei tebano... Qual é mesmo o nome dele?
- Aquele que gostava “demais” da mãe? A coisa ficou em segredo, até que veio um alemão e a revelou pra todo o mundo. O pobre do rei ficou com complexo e saiu por aí, caminhando, com os pés inchados. Também não lembro o nome dele.
- Édipo! E o alemão foi o Freud, aquele que só pensava em sexo. O homem era tão pra frente que diante dele todo o mundo se sentia recalcado, inferior.
- Também pudera! Ele era um gênio do porte de Newton ou...
- Newton foi o da maçã, não foi? Dizem que uma maçã caiu na cabeça dele, e uma parenta que viu tudo começou a rir. Para deixar a moça sem graça, ele inventou a lei da gravidade.
- Pior foi Einstein, que desprezava o ser humano.
- Ué, quem desprezava não era Schopenhauer?
- Não. Era Einstein mesmo. Desprezava tanto, que tirou uma foto estirando a língua. Como quem diz: “Olhe aqui pra vocês!”.
- Conheço a foto, mas não acho que ele fez aquilo por desprezo. Pra mim foi macaquice mesmo.
- Pode ser. Afinal de contas viemos todos do macaco, e vez por outra não resistimos a uma macaquice. Hobbes que o diga.
- Darwin!! Hobbes é outra história -- ele nos associou a lobos. Queria que nos comêssemos uns aos outros.
- Não exagere. Ele apenas disse que o homem é o lobo do homem.
- E o que faz um lobo, senão devorar a presa?
- Eu não concordo com o que você diz, mas seria capaz de recusar o próximo chopp para lhe garantir o direito de dizer isso.
- A frase é profunda, mas não original. Alguém já falou coisa parecida.
- Voltaire. Mas ele não menciona a cerveja. Portanto, parte da autoria é minha.
 - Voltaire, aquele que serviu de inspiração a um personagem de Stephen King?
- Não. Voltaire, filósofo do Iluminismo. O personagem de King era o Iluminado e, ao que me consta, não tinha nada a ver com o autor desta outra frase famosa: “De pensar morreu um burro.”
- Essa história eu conheço. Ele não aguentou ver o burro morrer por causa de umas chibatadas que o dono lhe aplicava, e terminou enlouquecendo.
- Peraí, esse foi Nietzsche, precursor de um famoso herói de histórias em quadrinhos -- o Super-Homem. E não era um burro, era um cavalo!
- Nietzsche? O que queria ser Cristo?
- Pelo contrário. Nietzsche queria ser o Anticristo. Para isso ele se afastou dos homens -- achava que o inferno são os outros.
- Eu pensava que essa frase era de um francês, Sartre de Beauvoir.
- Não. Esse foi o criador do feminismo moderno... Como esse papo promete ir longe, proponho que a gente pare com a cerveja. Do contrário, vai começar a confundir as coisas.

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