Segundo
o criacionismo, o mundo foi criado por Deus, mas isso de modo algum O
recomenda. É mais sensato admitir um parceiro e imaginar que Deus queria fazer
o mundo perfeito, à sua imagem, mas foi atrapalhado por um assistente inábil.
Esse modo de ver se compatibiliza com os inúmeros desacertos que vemos nele. O
maior desacerto é o próprio homem, esse bicho marcado pela dualidade do Bem e
do Mal.
Há quem atribua nossas lacunas e arestas ao material de que fomos feitos – o barro. Por que Deus não usou uma matéria mais resistente? Ou mesmo um desses produtos modernos, como o silicone? Algumas mulheres procuram hoje reparar o equívoco. No entanto, por mais que plastifiquem a anatomia, a base continua lá -- envelhecendo e se preparando para voltar à lama.
Deus usou o que tinha à mão, e só dispunha de sete dias. Era muito pouco para providenciar a natureza com suas árvores, rios, vales, montanhas. Como seria possível, nesse prazo exíguo, trabalhar cada artefato com esmero? Um dos enigmas da Criação é saber por que Ele, sendo o patrão de si mesmo, trabalhou num prazo tão curto. Talvez não gostasse do que estava fazendo.
Como se não bastasse a exiguidade do prazo, Deus resolveu fazer o homem no último dia, ou seja, quando já estava exausto e tudo que queria era descansar (o trabalho foi tanto, e sob pressão, que Ele descansa até hoje). O efeito dessa pressa é que Adão foi um protótipo mal testado. Isso constituiu uma brecha para o descalabro que se seguiu: veio a Serpente, assessorada por Eva (ou vice-versa), e levou o primeiro homem a provar do fruto proibido. Adão pecou e logo descobriu, envergonhado, que estava nu -- o que é estranho. Como ele poderia se perceber nu se nunca tinha usado roupa? O fato é que devido a esse primeiro pecado perdemos o Paraíso e nos tornamos mortais.
Geralmente se considera a morte a pior coisa que pode nos acontecer, mas há nisso um contrassenso. As pessoas aceitam de bom grado que o homem é um ser vivo – nasce, alimenta-se, cresce – mas acham um absurdo que ele vá morrer. Ou seja: querem da biologia apenas o que ela traz de bom. É como se depois de nascidos e já formados devesse ocorrer em nós um cancelamento das leis naturais e alguma forma de transcendência viesse nos animar; alguma coisa que daria a nossas células a eternidade. Infelizmente não é assim, de modo que o melhor é tratar de comprar o jazigo (pode ser em prestações). Tem gente que deixa para fazer isso literalmente “na última hora”, o que não é aconselhável. Comprando logo pode-se escolher o lugar e, com sorte, a vizinhança.
Teorias como a do Big Bang sugerem que a Criação está em curso. O universo continua a se povoar de luas, estrelas, galáxias, buracos negros. E agora, aparentemente, sem o controle divino. Deus pretendia que o cosmo se resumisse à Terra, ao Sol e a alguns poucos corpos celestes, mas parece que perdeu o controle. Outros dizem que Ele continua descansando, mas um dia acorda a vai dar um sentido a tudo isso. Só nos resta esperar.
Há quem atribua nossas lacunas e arestas ao material de que fomos feitos – o barro. Por que Deus não usou uma matéria mais resistente? Ou mesmo um desses produtos modernos, como o silicone? Algumas mulheres procuram hoje reparar o equívoco. No entanto, por mais que plastifiquem a anatomia, a base continua lá -- envelhecendo e se preparando para voltar à lama.
Deus usou o que tinha à mão, e só dispunha de sete dias. Era muito pouco para providenciar a natureza com suas árvores, rios, vales, montanhas. Como seria possível, nesse prazo exíguo, trabalhar cada artefato com esmero? Um dos enigmas da Criação é saber por que Ele, sendo o patrão de si mesmo, trabalhou num prazo tão curto. Talvez não gostasse do que estava fazendo.
Como se não bastasse a exiguidade do prazo, Deus resolveu fazer o homem no último dia, ou seja, quando já estava exausto e tudo que queria era descansar (o trabalho foi tanto, e sob pressão, que Ele descansa até hoje). O efeito dessa pressa é que Adão foi um protótipo mal testado. Isso constituiu uma brecha para o descalabro que se seguiu: veio a Serpente, assessorada por Eva (ou vice-versa), e levou o primeiro homem a provar do fruto proibido. Adão pecou e logo descobriu, envergonhado, que estava nu -- o que é estranho. Como ele poderia se perceber nu se nunca tinha usado roupa? O fato é que devido a esse primeiro pecado perdemos o Paraíso e nos tornamos mortais.
Geralmente se considera a morte a pior coisa que pode nos acontecer, mas há nisso um contrassenso. As pessoas aceitam de bom grado que o homem é um ser vivo – nasce, alimenta-se, cresce – mas acham um absurdo que ele vá morrer. Ou seja: querem da biologia apenas o que ela traz de bom. É como se depois de nascidos e já formados devesse ocorrer em nós um cancelamento das leis naturais e alguma forma de transcendência viesse nos animar; alguma coisa que daria a nossas células a eternidade. Infelizmente não é assim, de modo que o melhor é tratar de comprar o jazigo (pode ser em prestações). Tem gente que deixa para fazer isso literalmente “na última hora”, o que não é aconselhável. Comprando logo pode-se escolher o lugar e, com sorte, a vizinhança.
Teorias como a do Big Bang sugerem que a Criação está em curso. O universo continua a se povoar de luas, estrelas, galáxias, buracos negros. E agora, aparentemente, sem o controle divino. Deus pretendia que o cosmo se resumisse à Terra, ao Sol e a alguns poucos corpos celestes, mas parece que perdeu o controle. Outros dizem que Ele continua descansando, mas um dia acorda a vai dar um sentido a tudo isso. Só nos resta esperar.
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