terça-feira, 15 de outubro de 2013

Na bagagem

         Quando há algumas décadas troquei Medicina por Letras, ouvi de um colega que iria morrer de fome. O motivo dessa lúgubre profecia não era outro. Sendo médico, eu ensinaria se quisesse. Caso me licenciasse em Letras, só teria uma alternativa -- ser professor.

      Vez por outra penso na ironia daquele comentário: prognosticar a fome justamente a quem se destinava a “alimentar o espírito” dos outros (não é isso que dizem dos que se dedicam ao magistério?).

      Felizmente o colega errou o vaticínio e aqui estou eu hoje, vivo e alimentado. Se não sou gordo, é por questão de estrutura. E não posso dizer que tenho comido o pão que diabo amassou.

       Nossa maior compensação, de fato, não é o dinheiro. É deixar nos alunos a nossa humilde marca. Saber que em sua bagagem de homens e profissionais haverá, mesmo imperceptível, um pouquinho de nós.

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