Quando
há algumas décadas troquei Medicina por Letras, ouvi de um colega que iria
morrer de fome. O motivo dessa lúgubre profecia não era outro. Sendo médico, eu
ensinaria se quisesse. Caso me licenciasse em Letras, só teria uma alternativa
-- ser professor.
Vez por outra penso na ironia daquele comentário:
prognosticar a fome justamente a quem se destinava a “alimentar o espírito” dos
outros (não é isso que dizem dos que se dedicam ao magistério?).
Felizmente o colega errou o vaticínio e
aqui estou eu hoje, vivo e alimentado. Se não sou gordo, é por questão de
estrutura. E não posso dizer que tenho comido o pão que diabo amassou.
Nossa maior compensação, de fato, não é
o dinheiro. É deixar nos alunos a nossa humilde marca. Saber que em sua bagagem
de homens e profissionais haverá, mesmo imperceptível, um pouquinho de nós.
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