sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A doença da paixão


A paixão é uma doença.
Disso quem é que duvida?
E quanto mais forte, ela  
mais deixa em perigo a vida.

E não é doença tola,
dessas que fácil se cura -
mas uma síndrome, um complexo,
pois com as outras se mistura. 

Tem da gripe, o lacrimejo;
da asma, a falta de ar;
da neurose, o medo mórbido;
da artrite, o latejar.

Do diabetes, o “açúcar”
que não se metaboliza;
da psicose, a angústia
que deforma e tiraniza.

Da rinite, a persistência;
da urticária, o calor;
da diarreia, a urgência; 
da febre alta, o rubor.

Do herpes, tem o contágio
que se reforça no beijo. 
E da otite, o zumbido;
da rouquidão, o arquejo.

Da paranoia, a tendência    
a ser sempre vigiado
ou a vigiar o outro   
(tão querido e odiado!).

Tem da enxaqueca, a aura,
que o parceiro diviniza.    
Do tétano, a convulsão, 
que o prazer mimetiza.

E tendo, assim, a paixão
sintomas tão variados, 
por que então desse mal
ninguém quer ficar curado? 

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