Não
é concha, nem sargaço,
nem flores de Iemanjá.
É o corpo de um menino
que veio lá do alto mar.
É o malogro de um sonho.
O alento de esperança
que as águas sufocaram
junto com aquela criança.
Os pais fugiam da guerra
E ali agora ele jaz
todo vestido, no sono
de uma indesejável paz.
A paz da vida cortada
bem antes de florescer.
Do futuro que se nega
a quem queria viver.
No colchão da praia erma
pousa o corpo de Aylan
como um brinquedo quebrado
-- sem ontem, sem amanhã.
A história desse menino
(disso não há duvidar)
é das histórias mais tristes
que se
contam sobre o mar.
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