2015 foi um ano de sustos. O mundo se
assustou com a ira explosiva do Estado Islâmico, e nós nos assustamos com a
crise política e econômica. O País foi rebaixado por agências internacionais de
risco e pode descer ainda mais em 2016. Não deixaremos de brindar ao Ano-Novo,
mas vai ser possível vislumbrar por entre a névoa do champanhe um horizonte de
recessão e desemprego.
Na base de tudo isso esteve a corrupção,
que a Operação Lava Jato escancarou com fartura de exemplos e provas. Sabemos
que a corrupção sempre existiu, mas ela nunca nos pareceu tão disseminada. Deixou
de ser uma prática individual e passou a instrumento para a manutenção do
poder. Graças ao juiz Moro e a alguns abnegados promotores, muita gente graúda foi
presa e alguma justiça se fez. Longe estamos, contudo, de debelar esse mal.
Entraremos em 2016 com uma série de
dúvidas sobre o futuro do Brasil. A maior delas é se a presidente vai
permanecer no cargo. Há quem se concentre noutro tipo de dilema: se o Vasco vai
voltar à série A. Uma dúvida não equivale à outra, mas ambas têm em comum alguns
dos nossos desacertos administrativos e gerenciais.
2016 será o ano de se oficializar o Acordo
Ortográfico, que tem sido objeto de discussões entre escritores, gramáticos,
advogados e grande parte da população. Dilma deverá sancioná-lo, mas pelo visto
não haverá clima para isso. As críticas são muitas, com base em contradições
existentes no texto. A maior parte delas se refere ao hífen e a determinados
regras de acentuação. Pelo visto, no próximo ano continuaremos a aceitar duas
ortografias nos exames de português, o que é frustrante para os que viam no acordo
um meio de uniformizá-las.
Em Mariana (MG), a queda de uma barragem
com rejeitos de minério sepultou um município e contaminou uma área de mais de 600
km em redor. Pessoas morreram, rios se contaminaram. O meio ambiente é uma das
maiores preocupações mundiais hoje; o rompimento dessa barragem, pelo que
representou de imprevidência e irresponsabilidade, mostra que não estamos
tratando o problema com a devida atenção. Até quando o Brasil vai ficar na contramão
do mundo?
Ano que vem teremos Olimpíada. As
competições vão mobilizar a atenção e tirar um pouco o foco dos problemas locais.
Por cerca de um mês deixaremos de pensar em carestia e câmbio alto, para nos
concentrarmos no desempenho dos atletas. Nesse período tudo parecerá bom, e
ainda melhor se os brasileiros ganharem medalhas. Infelizmente elas não trazem
emprego, não enchem barriga nem adornam a miséria. Se o país quer crescer e dar
felicidade a seu povo, tem que pensar em outro tipo de pódio.
Dizem que 2016 vai ser o ano do macaco. Isso lá
no Oriente, que costuma vincular os anos a animais. Certamente não vale para
nós, que temos outra cultura. Mas suponhamos que valha; nesse caso, vamos
torcer para que o próximo ano seja o do gato. Do gato, sim, para comer os ratos
que insistem em infestar o País.
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