“Só o inimigo não trai nunca.”
Uma variante desse aforismo poderia ser: o ódio é mais
fiel do que o amor. Com ele Nelson exercita uma de suas marcas, que é o gosto
pelo paradoxo, e ao mesmo tempo revela um profundo conhecimento sobre os homens.
Um conhecimento cheio de ceticismo e desencanto. O inimigo não “trai”,
mantém-se firme em seu malquerer. Já o amigo é incerto; a amizade, mais do que
o seu oposto, sofre os efeitos da inconstância humana. A ausência de traição
não significa, é claro, que o indivíduo deva cultivar inimigos. Pelo contrário,
nos previne de que eles são perigosos. Entretanto a persistência com que
praticam o seu rancor obriga-nos a vigiar o nosso comportamento. Ao contrário
dos amigos, eles nunca perdoam.
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