1
Tudo tem o seu contrário
(infeliz é quem não sabe):
cada dor, sua alegria;
cada instante, a eternidade.
2
Uma lição para a vida
que o São-João sempre me passa:
quem hoje acontece e “bomba”
amanhã vira fumaça...
3
Tem gente que se acha o tal
pelo que diz conhecer.
Sabe tudo sobre a vida,
porém não sabe viver.
4
Essas meninas de hoje
como evoluíram, vixe!
Antes liam “Sétimo céu”,
agora querem ler Nietzsche!
5
O paradoxo do tempo
revela-se bem no espelho:
o ano que chega
é novo,
quem nele se mira é velho.
6
Quanto mais eu excogito,
menos entendo esse povo.
Só vai à missa aos domingos
pra poder pecar de novo!...
7
Há quem por inépcia, ou medo,
o trem da vida perdeu.
Encontra-se neste mundo,
mas ainda não nasceu.
8
A morte é grave
e solene
em seu fundo desatino,
mas se morre um humorista
ri-se de nós o destino...
9
Todo machão que se preza
em bom garanhão se arvora.
Vive à cata de uma brecha
pra mostrar que não é brocha.
10
Pelas
notas que se calam
sepultando
a melodia,
faz-se
mais triste o silêncio
quando
um cantor silencia.
11
Por mais que eu mexa e remexa,
não me livro deste fado;
tenho feito tantas quadras,
que já me sinto quadrado.
12
Nesta noite de São-João
eu só peço ao santo a graça
de me livrar de barulho,
arrasta-pé e fumaça...
13
Do que aprendi com os outros,
a maior parte me escapa.
Já nas coisas que ignoro
me sinto um autodidata!
14
Foi-se o tempo do namoro,
do sonho, do romantismo,
mas essa realidade
fez o
nosso amor mais vivo!
15
“Vasto mundo, e eu tão pequeno!”
-- digo isso alto e bom som.
Para não tomar veneno,
vou tratar de ler Drummond.
16
Para
ter junto quem foi
não
preciso ouvir a voz;
basta evocar a lembrança:
não morre quem vive em nós.
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