De repente acontece o que
não podia nem devia acontecer. Ressentidos e perplexos, falamos do imponderável
ou do acaso.
O acaso não tem deliberação;
é de alguma forma produto do nosso descaso. A inflexível mão do destino sempre
depende de uma mãozinha nossa. Se um avião voa de forma irregular, não se pode
esperar que bons ventos o conduzam ao término da viagem.
Eu conhecia pouco Gabriel
Diniz, mas admirava-lhe o rock eletrizante e de fácil apelo. “Jenifer”, seu
maior sucesso, reflete a energia que ele costumava imprimir a suas
interpretações e parece que só poderia ser cantada por ele. Transformá-la num
réquiem, como estão fazendo agora, é uma boa maneira de preservar a sua
vigorosa imagem.
O nome, Gabriel, induz à
tentação literariamente medíocre de dizer que “mais um anjo adentrou os espaços
celestiais”. Menos do que o clichê, no entanto, o que desautoriza dizer isso é
imaginar que o cantor não gostaria nada da comparação. Anjo, ele, com aquele
espírito travesso e o gingado demoníaco que inflamava as meninas?
Digamos
apenas que morreu um rapaz alegre e de grande talento artístico. E que os
responsáveis por essa morte têm que pagar aqui.
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