Gabriela
tinha 23 anos. As imagens da TV mostram-na brincalhona, rindo entre os colegas,
naquela descuidada alegria própria das pessoas da sua idade.
Essa
alegria foi tragicamente interrompida no último sábado, quando a garota se
preparava para entrar num estádio de futebol. Iria torcer pelo Palmeiras, seu
time do coração, mas os estilhaços de uma garrafa jogada por um torcedor do
Flamengo acabaram lhe tirando a vida.
Gabriela
foi mais uma vítima do fanatismo a que comumente se entregam os membros das
torcidas (organizadas ou não), muitos dos quais usam o esporte como um pretexto
para pôr em prática seus maus instintos. Esses vão aos estádios não para assistir
aos jogos, mas para irritar, agredir ou mesmo matar os torcedores adversários.
Ninguém
gosta de que seu time perca, mas para esses fanáticos a derrota é uma provocação
que o adversário perpetra e que deve ser reparada, se possível, com
sangue.
Esse
modo de ver quebra o pacto existente no esporte, que se constituiu como
uma alternativa à guerra. Seu papel é suprir o primitivo impulso dos humanos
para submeter os opositores nas disputas por terras, poder, dinheiro e tudo
mais que lhes permita afirmar seu egoísmo. Espera-se que nele, a despeito do
desejo de ganhar, prevaleça o que de nobre e elevado nos trouxe a
civilização.
Atitudes
como a do assassino de Gabriela frustram essa possibilidade. Mostram que, na
falta de quem limite tais descalabros, o esporte é um terreno em que se podem
cometer atrocidades capazes de ceifar a vida de inocentes.
A
TV mostrava os pais da moça desolados; traziam estampadas no rosto a dor e a
desesperança. Com a perda se foi não apenas a filha, mas toda uma perspectiva
de futuro a ela associada. E com esse vazio seria difícil para eles preencher a
velhice…
Quando
enfim eventos como o que tirou a vida de Gabriela deixarão de manchar com
sangue e coroar com luto o nosso futebol?
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