sábado, 9 de dezembro de 2023

Amor e perdão

 


Morreu Ryan O’Neal, que fez par romântico  com Ali MacGraw em “Love Story”. O filme estreou em 1970 e foi sucesso mundial entre adolescentes com a história de amor que envolvia os dois protagonistas.

Quando ele foi exibido por aqui, eu estava em começo de carreira e lecionava no 2001. Publicava nesse cursinho um jornal intitulado “O Radar”, onde escrevia crônicas, comentários críticos e umas frases que imitavam o estilo de Millôr. 

O filme tinha um slogan que bem resumia o seu espírito, “Amar é não ter jamais que pedir perdão”, e num dos números do jornal fiz um texto criticando a estupidez dessa sentença. Eu defendia que amar é justamente ser capaz de perdoar e que o embuste do conceito veiculado na frase pressupunha um idealismo que nada tinha de humano. 

Por que fiz isso?! Umas garotas, que tinham chorado muito vendo o filme, vieram para cima de mim com quatro pedras na mão (acho que até mais). Acusavam-me de insensível, incapaz de reconhecer o “verdadeiro amor”. Felizmente escapei ileso do protesto (e talvez de ser demitido).

Passou o tempo; hoje as que me acusavam já devem ter se apaixonado e, quem sabe, vivido o amor verdadeiro. Caso isso tenha ocorrido, certamente se depararam com inúmeras situações em que é preciso perdoar (ou ser perdoado) para manter vivo tal sentimento. E podem concordar, enfim, com quão mentirosa e superficial era a frase.

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O poder da frase