Os alunos estranham quando falo em retórica nas aulas de redação. Acham uma palavra complicada, dessas que a gente só entende lendo Platão ou Aristóteles.
Está certo, foram os gregos que lançaram as bases da retórica. Mas ninguém precisa ler o tratado de Aristóteles para saber do que ela trata. Na Antiguidade greco-latina, a escrita era basicamente um procedimento retórico. Havia regras para tudo, desde a organização do pensamento até o “embelezamento” do estilo por meio das figuras.
Com o tempo, sobretudo a partir dos românticos, a retórica foi perdendo o prestígio, ou melhor, foi perdendo o caráter disciplinador. Tornou-se menos rígida e normativa – mas a verdade é que nunca deixou de existir. Com isso ganham professores e alunos, que graças a ela podem dispor de técnicas para a elaboração do texto.
Durante muito tempo a retórica foi sinônimo de figuras de estilo. As chamadas “flores retóricas” eram entendidas como um ornamento que dava beleza à linguagem. Hoje os estudos retóricos estão mais voltados para os recursos que melhoram a argumentação. Daí a sua importância no ensino do texto dissertativo.
Ao dissertar, o aluno assume um ponto de vista sobre determinado assunto e deve defendê-lo com argumentos. Argumentar é apresentar provas ou razões que fundamentem determinada opinião. A retórica orienta sobre como fazer isso e tornar o texto convincente, persuasivo. Persuadir é convencer quem nos lê, ou ouve, de que temos razão.
O melhor argumento é o fato (diz o ditado que contra fatos não há argumentos). Para aumentar o poder argumentativo do seu texto, deve o aluno ter informações. Ou seja, ler jornais, livros, revistas. O argumento factual é o mais poderoso, porque não se ampara apenas no raciocínio e, com isto, escapa a sofismas, artimanhas, falsas deduções.
Aos vestibulandos que lêem pouco não há retórica que ajude. Como “nada vem do nada” (Shakespeare), de onde eles vão tirar idéias, exemplos e bons modelos de linguagem?
domingo, 4 de maio de 2008
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