domingo, 25 de setembro de 2011

(E)nem tudo está perdido

A recente divulgação dos resultados do Enem vem assustando professores e especialistas em educação, pois mostra que o nosso ensino médio é pior do que se pensava. Segundo Claudio de Moura, esse “é hoje o nível que traz mais perplexidades”.

Entre os dados que nos incomodam, está o de que “apenas 0,6% das escolas públicas e privadas do país estão acima de 600”, que é a média estabelecida pela OCDE. Como essa organização avalia internacionalmente as instituições de ensino, a bisonha percentagem que obtivemos demonstra que nossos alunos estão muito abaixo de seus colegas europeus, americanos e asiáticos.
Como sempre ocorre após divulgações desse tipo, começaram os debates para se tentar compreender o que está errado e propor soluções. O que está errado, ora, não é novidade para ninguém. A verdade é que nossos alunos: 1) são onerados por um currículo volumoso, que não contempla estratégias para resolver questões do dia a dia (privilegia-se a decoreba em detrimento da aplicação prática dos conteúdos); 2) permanecem menos tempo do que seria desejável em sala de aula; 3) são pouco motivados para atividades de leitura, escrita e outros meios de desenvolver a cultura geral e a capacidade de se expressar; 4) deparam-se comumente com professores mal remunerados, ou mal formados, que sem motivação ou capacidade não os estimulam a aprender.
Some-se a esses fatores outro grave problema, que não afeta apenas as escolas públicas: o descaso com a disciplina em sala de aula. Nela se vem praticando uma tolerância pouco adequada a um ambiente de aprendizado. Conversas, piadas, brincadeiras agressivas tornam impossível que se preste atenção ao professor. E quando este reage é afrontosamente desrespeitado e mesmo ridicularizado, muitas vezes com a conivência de diretores e donos de escolas.
Quaisquer que sejam as soluções propostas, é preciso primeiro conscientizar os alunos de que a educação os constrói como homens e os habilita ao exercício profissional. Para isso a sociedade deve mostrar que reconhece os que vencem por esse caminho e pune os que se dão bem atropelando a lei. Se perceberem que o discurso da escola ecoa na sociedade, e em alguma medida determina seus valores, os alunos verão sentido em estudar. O que não pode, como se vê hoje, é os valores apregoados na sala de aula serem o tempo todo desmentidos no “mundo real”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O poder da frase