domingo, 12 de fevereiro de 2012

Considerações heterodoxas sobre o sonho

Nunca desista dos seus sonhos, mesmo porque isso não iria adiantar. Está provado que precisamos sonhar para manter nosso equilíbrio psicológico e a paz em casa. Quem não sonha dorme mal e perde o senso de humor. Antes de Freud, a ciência tinha preconceito contra os sonhos; achava que eles eram apenas uma forma de a mente reagir aos estímulos recebidos durante o dia. O pai da psicanálise demonstrou que não era nada disso. Sonhamos para realizar desejos, mesmo (ou sobretudo) os inconfessáveis.
Tem gente que volta a dormir para retomar um sonho interrompido por alguma razão. Sobretudo quando se trata de um sonho erótico. Um amigo meu passou por experiência parecida. Sonhou que estava em idílio com uma mulher belíssima (mistura de Gisele Bündchen e Juliana Paes), quando foi acordado pelos latidos do seu cão. Depois de conseguir que ele se calasse ameaçando cortar-lhe a ração do dia seguinte, voltou a dormir com o pensamento voltado para a deusa do sonho. Adormeceu, porém... decepção. Sonhou que era abordado por um fiscal da vigilância sanitária. Depois compreendeu o porquê: no dia anterior tinha lido uma reportagem sobre a possível volta da dengue... O sonhos têm disso: trazem tanto o que se deseja, quanto o que se teme. É uma forma de prazer e de exorcismo.
Um fenômeno curioso apontado por Freud é a “distorção onírica”. Ela é que dá ao sonho aquele aspecto irracional que faz as mentes cartesianas desprezarem seu conteúdo. Mas aí é que está o engano: a distorção decorre da censura, o tal superego, que não lhe deixa em paz nem quando você está dormindo. É um censor que deforma as imagens oníricas e só permite que se reconheça em parte o objeto de desejo. Por exemplo: se você quer muito ser médico, pode sonhar com uma cobra. A explicação está em que a cobra (ou melhor, a serpente) é o animal que circunda o bastão de Esculápio, deus da Medicina segundo os gregos. Pode-se também interpretar esse vínculo como uma alusão a quanto hoje um bom médico... cobra.
O sonho não é uma simples lembrança, mas uma vivência. Na chamada “cena do sonho”, representamos um papel e sentimos emoções por vezes insuportáveis. Isso já levou um repórter a escrever, a propósito de um indivíduo que sucumbiu durante um pesadelo: “Ao acordar, estava morto."

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