Amigos têm me ligado perguntando por
que desisti de concorrer a uma vaga na academia. Um deles, acadêmico, se
mostrou inconsolável. Queria a todo custo me ver lá e perguntou o que poderia
fazer para isso.
– Morra – respondi.
Ele parece que não gostou da sugestão.
Para evitar novas especulações, vou enfim dizer os motivos que me fizeram retirar a candidatura.
– Morra – respondi.
Ele parece que não gostou da sugestão.
Para evitar novas especulações, vou enfim dizer os motivos que me fizeram retirar a candidatura.
O primeiro
é que levo muito a sério o sentido das palavras e me sentiria desconfortável ao
ser chamado de “imortal” sem haver, até agora, escrito nada que mereça alcançar
a posteridade. Quisera um dia, pela minha produção, fazer jus a esse
glorificante epíteto.
O segundo motivo é que eu não ficaria bem de
fardão. Fiz um teste em casa vestindo uma velha casaca preta, com fios
dourados, que pertenceu a meu bisavô. A família riu da figura, e fiquei imaginando
o que diriam meus alunos (quase todos adolescentes) quando no dia seguinte à
posse vissem a minha foto no jornal.
O
terceiro motivo é que na academia não se serve o chá das cinco. Ao tomar
conhecimento disso, fiquei muito cha...teado. Sempre vinculei os meus
devaneios de acadêmico a esse fino hábito britânico. Saber que ele não existe (nem
às quintas, nem em dia nenhum) deveras me desapontou.
Ponderadas
essas três razões, desisti de uma vez de aspirar à imortalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário