domingo, 4 de outubro de 2015

Do baú (7)

 Escritor é alguém que tem a linguagem como salvação, mas sem a ingenuidade de querer que ela seja mais do que linguagem. Ele sabe que a antítese da vida é a morte, e a antítese do nada é o sentido. Sua tarefa é afirmar o sentido contra o nada.
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          Dizem que o mundo é cheio de boas intenções. Discordo. No mundo proliferam as más intenções. O que nos salva é que só uma parte delas se realiza.
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           Evite viajar em grupo para não perder amigos. As viagens levam à intimidade, e com ela vem a quebra daquele formalismo mínimo que assegura a boa convivência. Quando se juntam, as pessoas tendem a ser mesmo o que são -- e os outros não lidam bem com isso.
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É difícil separar no homem o que é naturalidade do que é artifício. Quando choramos, metade é pena, metade é cena.  Alguém dirá: mas diante do espelho, contemplando a si mesmo, ele não é sincero? Arrisco a dizer que não; também aí há disfarce.
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Não tem sentido acreditar no que está comprovado. A crença é sempre uma aposta, um tiro no escuro. O que alimenta a crença em “outro mundo”, por exemplo, é justamente a falta de provas de que ele existe.  
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A velhice é por natureza amiga da virtude. O homem só renuncia a certos pecados quando já não está em idade de cometê-los. Por outro lado, um dos maiores pecados da velhice é o ressentimento.
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      Temos uma cultura da corrupção e da impunidade. Um dos desafios que se coloca aos professores é como abordar isso na escola sem influenciar os alunos.    
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       A linguagem é o nosso confessionário. Falar é confortar-se; liberta e consola. Tudo que se subtrai ao desejo se compensa na linguagem. Por isso as pessoas falam, rezam, escrevem tanto.

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O silêncio do inocente