domingo, 14 de agosto de 2016

Pa(i)ródia

Ser pai é padecer no crediário
e assumir o duro compromisso   
(seja grande ou pequeno o seu salário)  
de dar à casa o que for preciso.

É ser da mãe um pálido coadjuvante
no crucial e biológico enredo;                           
e como recompensa, em tal instante,
sentir-se “grávido” só por arremedo.    

É privar-se de jogos e cerveja,
mostrar-se duro mesmo que não seja,  
suportar o Complexo de Abraão.  

E à noite, sozinho no escuro,   
imaginar se os filhos, no futuro,   
vão dizer que cumpriu sua missão.


(da série  “Meus pecados poéticos”)  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A esquecida