terça-feira, 27 de setembro de 2016

Propinildo Caixadois

Como estamos em época de entrevistar candidatos, transcrevo abaixo a conversa que tive com Propinildo Caixadois. Propinildo não é de situação nem de oposição; é de circunstância. Ouvi-lo pode nos a ajudar a entender o atual momento, em que não se distingue política de contravenção. Vamos às perguntas e respostas:
P.: Propinildo, você resolveu se candidatar de novo por pressão das bases?
R.: Que bases! Em política não existem bases, existe ápice. E o ápice é o poder. O que me pressiona é a vontade de conquistar o poder
P.: Mas você deve ter um mínimo de compromisso com o bem comum.
R.: Meu filho, político não se candidata em prol do bem comum. O que me interessa são os bens particulares. A política é um negócio como outro qualquer.
P.: Quais são seus planos, caso seja eleito? 
R.: Uma das primeiras providências do meu governo vai ser criar um ministério para regulamentar a corrupção. Essa pasta será dirigida pelo meu primo, Justo Veríssimo. Ninguém precisará se envergonhar de suborno, superfaturamento, lavagem de dinheiro. O moralismo com que muitos ainda encaram essas práticas, que são comuns em todos segmentos da nação, vem perturbando o funcionamento de nossas instituições.
P.: Mas candidato, isto é cinismo!
R.: Prefiro o cinismo à hipocrisia. O cinismo é o realismo com um pouco de sarcasmo, mas não esconde a verdade. Você notou que ninguém acredita mais no que dizem os homens públicos? E por quê? Porque eles são hipócritas. Seria bem melhor se cada um falasse abertamente de suas ambições, escancarasse ao eleitor seus interesses. O cinismo afronta, mas não engana. ele pode recuperar a credibilidade de nossos políticos.
P.: O senhor não tem medo da reação do povo?
R.: Para me prevenir disso, pensei nuns programas assistenciais. O Bolsa Escória, por exemplo.
P.: Bolsa Escória? E por que esse nome?
R.: Para o pessoal saber direitinho que, quando a ajuda acabar, eles voltarão à pobreza de antes. Como lhe disse, eu não sou de enganar ninguém.


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