Ao fim da vida gongórica,
quis estampar no seu túmulo
uma inscrição retórica.
Cunhou a frase bombástica
com verve, capricho e nítida
intenção encomiástica.
Mas veio o destino sádico
e sem rumor nem estrépito
(mas dos seus desígnios ávido)
fez que lá chovesse a cântaros:
a água, num fluxo intérmino,
afogou como num pântano
aquele ornamento gráfico.
Agora lhe enfeita a lápide
só o silêncio sarcástico.
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