terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Carpe diem

Ao fim da vida gongórica,
quis estampar no seu túmulo
uma inscrição retórica.

Cunhou a frase bombástica
com verve, capricho e nítida    
intenção encomiástica.

Mas veio o destino sádico
e sem rumor nem estrépito
(mas dos seus desígnios ávido)

fez que lá chovesse a cântaros:
a água, num fluxo intérmino,
afogou como num pântano

aquele ornamento gráfico.
Agora lhe enfeita a lápide 
só o silêncio sarcástico.

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O silêncio do inocente