Entro
na lanchonete. O sujeito que normalmente me serve o expresso não está, e quem
me atende é uma senhora. Peço o café. Quando ela vem me entregar, pergunto pelo
homem.
-- Hoje
ele tirou folga.
-- A
senhora é a mulher dele?
-- Às
vezes.
****
A mulher entra na festa, olha o movimento e se queixa
ao anfitrião, indignada:
-- Você disse que isso aqui é família!
-- E é! Os casais entram nos quartos para tentar
providenciar uma...
****
Nostalgia e melancolia não são a mesma coisa. Distinguem-se
em pelo menos três pontos:
1 – A nostalgia é a saudade do que se teve. A
melancolia é a saudade do que não se teve.
2 – A nostalgia é histórica, não existe sem uma prévia
convivência com o objeto perdido. A melancolia é mítica; o objeto perdido,
nesse caso, é sobretudo um ideal.
3 – A nostalgia pressupõe uma perda. A melancolia
pressupõe uma falta.
Exemplo de nostalgia: Gonçalves Dias na “Canção do
Exílio”. O poeta está em Portugal e tem saudades do Brasil, onde viveu.
Exemplo de melancolia: Augusto dos Anjos em poemas
como “As cismas do Destino” ou “A ilha de Cipango”, nos quais fantasia o mítico
retorno à “Pátria da homogeneidade” (que é um espaço ideal, onde obviamente ele
nunca esteve).
****
O exame mais difícil é o de consciência. Devemos
fazê-lo todo dia mesmo sabendo que nunca seremos aprovados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário