domingo, 20 de agosto de 2017

Divagando se vai longe (7)

            Entro na lanchonete. O sujeito que normalmente me serve o expresso não está, e quem me atende é uma senhora. Peço o café. Quando ela vem me entregar, pergunto pelo homem.
        -- Hoje ele tirou folga.
        -- A senhora é a mulher dele?
        -- Às vezes.
                                       ****
A mulher entra na festa, olha o movimento e se queixa ao anfitrião, indignada:
-- Você disse que isso aqui é família!
-- E é! Os casais entram nos quartos para tentar providenciar uma...
                                       ****
Nostalgia e melancolia não são a mesma coisa. Distinguem-se em pelo menos três pontos:

1 – A nostalgia é a saudade do que se teve. A melancolia é a saudade do que não se teve.
2 – A nostalgia é histórica, não existe sem uma prévia convivência com o objeto perdido. A melancolia é mítica; o objeto perdido, nesse caso, é sobretudo um ideal.
3 – A nostalgia pressupõe uma perda. A melancolia pressupõe uma falta.

Exemplo de nostalgia: Gonçalves Dias na “Canção do Exílio”. O poeta está em Portugal e tem saudades do Brasil, onde viveu.
Exemplo de melancolia: Augusto dos Anjos em poemas como “As cismas do Destino” ou “A ilha de Cipango”, nos quais fantasia o mítico retorno à “Pátria da homogeneidade” (que é um espaço ideal, onde obviamente ele nunca esteve).
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O exame mais difícil é o de consciência. Devemos fazê-lo todo dia mesmo sabendo que nunca seremos aprovados. 

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O silêncio do inocente