O Dia da Pátria merece
uma reflexão, digamos, positiva. Nós brasileiros costumamos brincar com tudo
(ou quase), mas chega o momento em que precisamos falar sério. Pois a verdade é
que amamos o Brasil. Sonhamos deixar de lado o velho “complexo de vira-latas” e
assumir o garbo varonil de um pit-bull (se exagero, permitam-me sonhar com essa
possibilidade). Sou patriota (sem dar bandeira...), por isso encaro com
otimismo e esperança as tenebrosas revelações que
têm sido feitas sobre a corrupção.
O que move um delator é
em princípio o medo de ser preso (ou de continuar na prisão). Dá para entender
isso. Afinal, uma cela de penitenciária não é o melhor lugar para receber a
visita dos netos. Mas acho que a esse medo acrescenta-se outra coisa. Algo como
a lenta percepção de que se chegou ao fundo do poço e está na hora de pelo
menos tentar um basta. “Tentar”, para trazer alguma paz à consciência. O ser
humano responde à atmosfera social, ao espírito do tempo, e todo esse atual
empenho em investigar, acarear, punir acaba sensibilizando mesmo a consciência
mais empedernida.
Quem se dispõe a fazer um “pacto de
sangue” para preservar seus cúmplices, o que não fará se for convencido de que
a grande meta, o objetivo pelo qual realmente vale a pena morrer é harmonizar o
bem pessoal com o da coletividade? É pensar nos outros? Acho que tudo ficará
melhor se cada delator for com o tempo se revelando não um cético, não um
cínico, não um prático -- mas um arrependido. Existe muito pecado do lado de cá
do Equador, e o sentimento de culpa (quem sabe?) poderá salvar o Brasil.
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