terça-feira, 31 de março de 2020

Dica de filme - "Viver duas vezes"

      Emílio é um ex-professor que sofre do mal de Azheimer. Após uma brilhante carreira universitária, sente a memória se deteriorar ao mesmo tempo que se torna cada vez mais obcecado por reencontrar Margarita, sua grande paixão da adolescência. Com o auxílio da filha, da neta e do genro parte para Navarra, onde supostamente a mulher se encontra.
O filme tem um roteiro bem trabalhado, apesar de explorar situações que levam às lágrimas. Mescla nostalgia a modernidade, dando destaque ao telefone celular e à prática do coaching (que sutilmente ironiza). O celular aparece como um vício (o genro e a neta de Emílio não o abandonam nem nas horas de refeição) e um indispensável instrumento da vida moderna. Em certo momento a garota diz ao avô que, no mundo atual, o celular é “um Deus”. Essa ajuda “divina”, de fato, será preciosa na busca por Margarita.    
“Viver duas vezes” é um filme sobre a passagem do tempo; a despeito da sua força inexorável, ela não apaga certas impressões. O velho professor de matemática tem na viagem rumo ao passado uma forma de se compensar do que não viveu por timidez e fixação nos estudos. Na sua memória, em que tudo vai se apagando, persiste a lembrança do sinal matemático do Infinito, símbolo da paixão timidamente partilhada entre ele e Margarita.
Engraçado e terno, “Viver Duas Vezes” é o segundo longa Netflix lançado no Brasil em 2020. Merece ser visto.

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O poder da frase