Emílio é
um ex-professor que sofre do mal de Azheimer. Após uma brilhante carreira
universitária, sente a memória se deteriorar ao mesmo tempo que se torna cada
vez mais obcecado por reencontrar Margarita, sua grande paixão da adolescência.
Com o auxílio da filha, da neta e do genro parte para Navarra, onde
supostamente a mulher se encontra.
O filme tem um roteiro bem trabalhado, apesar de
explorar situações que levam às lágrimas. Mescla nostalgia a modernidade, dando
destaque ao telefone celular e à prática do coaching (que sutilmente ironiza).
O celular aparece como um vício (o genro e a neta de Emílio não o abandonam nem
nas horas de refeição) e um indispensável instrumento da vida moderna. Em certo
momento a garota diz ao avô que, no mundo atual, o celular é “um Deus”. Essa
ajuda “divina”, de fato, será preciosa na busca por Margarita.
“Viver duas vezes” é um filme sobre a passagem do
tempo; a despeito da sua força inexorável, ela não apaga certas impressões. O
velho professor de matemática tem na viagem rumo ao passado uma forma de se
compensar do que não viveu por timidez e fixação nos estudos. Na sua memória,
em que tudo vai se apagando, persiste a lembrança do sinal matemático do
Infinito, símbolo da paixão timidamente partilhada entre ele e Margarita.
Engraçado e terno, “Viver Duas Vezes” é o segundo longa
Netflix lançado no Brasil em 2020. Merece ser visto.
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