“Morrer só se torna
alarmante quando as mortes se multiplicam, uma guerra, uma epidemia, por
exemplo, Isto é, quando saem da rotina”. Deparo-me com essa passagem em “As
intermitências da morte”, de José Saramago, que comecei a ler. Pelo critério do
narrador, morrer se tornou alarmante para nós, brasileiros, pois no País as
mortes vêm se multiplicando; o número de mortos em 24 horas ultrapassou mil e
cem. O irônico em relação ao trecho do romancista é que elas, as mortes, começaram
a entrar na rotina (e não dela sair). Isso explica as mudanças que têm ocorrido
em nosso ânimo. No início da quarentena até se fazia humor com a situação.
Agora são raros os gracejos e os jogos de palavras, que longe de subestimar a gravidade
da pandemia constituem um desafogo, uma catarse, e concorrem para que se
preserve o equilíbrio mental. Há risos de dor, como há lágrimas de alegria. Preocupa-me
o cansaço que sobre nós vem se abatendo e que pode nos tornar menos sensíveis
ao padecimento dos doentes e de suas famílias. Não por indiferença (ninguém quer
ter o presidente como espelho), mas por tédio. Ainda não chegamos a esse ponto,
mas é urgente que o número de mortes comece a baixar.
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