sexta-feira, 10 de julho de 2020

"Homemade"

         Na globalização promovida pelo coronavírus, o medo é a mensagem. “Homemade” ilustra isso com humor, emoção e muita criatividade. Disponível na Netflix, a série se constitui de 17 curtas-metragens cuja temática abrange a experiência de viver o confinamento provocado pela atual pandemia.

        São filmes, como o nome diz, feitos em casa (e não poderia ser diferente!) por diretores de várias nacionalidades. Neles nos deparamos com situações comuns (com as quais facilmente nos identificamos) e bizarras ou mesmo surreais, que apontam para o sonho como válvula de escape.

          Há o velho que, numa casa de repouso, tenta pela internet conquistar mulheres que outrora o rejeitaram; a garotinha que busca preencher a solidão imaginando cenas de um monólogo só entendido por ela; o homem que, cheio de remorso, imagina como se desculpar por ter um dia abandonado a mãe; a mulher que passeia de bicicleta por uma Los Angeles tão vazia que nem parece o cenário onde, na calçada da fama, se glorificam ícones de Hollywood. Há, enfim, uma série de tipos e situações que ilustram o tédio, o desespero (e por vezes a surpreendente euforia) de viver confinado num mundo de tantos apelos às compras e às diversões.

          A pandemia nos aproxima por representar uma experiência comum a todos. Ela reitera que estamos no mesmo barco (quais pequenos ulisses que nem podem voltar para casa) e continuamos suscetíveis a infecções vindas até do espaço intergalático (como sombriamente sugere um dos curtas).

          Como reagir a esse estado de coisas? Num dos melhores documentários da série, sugere-se a necessidade de criar “novas perspectivas para a vida”. Isso inclui fortificar os vínculos afetivos e cultivar o prazer proporcionado pela arte, que distrai mas sobretudo liberta. “Homemade é uma prova disso” e deve ser visto pelos buscam um espelho em que se reconhecer no atual momento.

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O poder da frase