Na
globalização promovida pelo coronavírus, o medo é a mensagem. “Homemade” ilustra
isso com humor, emoção e muita criatividade. Disponível na Netflix, a série se
constitui de 17 curtas-metragens cuja temática abrange a experiência de viver o
confinamento provocado pela atual pandemia.
São
filmes, como o nome diz, feitos em casa (e não poderia ser diferente!) por diretores
de várias nacionalidades. Neles nos deparamos com situações comuns (com as
quais facilmente nos identificamos) e bizarras ou mesmo surreais, que apontam
para o sonho como válvula de escape.
Há o velho que, numa casa de repouso,
tenta pela internet conquistar mulheres que outrora o rejeitaram; a garotinha
que busca preencher a solidão imaginando cenas de um monólogo só entendido por
ela; o homem que, cheio de remorso, imagina como se desculpar por ter um dia
abandonado a mãe; a mulher que passeia de bicicleta por uma Los Angeles tão
vazia que nem parece o cenário onde, na calçada da fama, se glorificam ícones
de Hollywood. Há, enfim, uma série de tipos e situações que ilustram o tédio, o
desespero (e por vezes a surpreendente euforia) de viver confinado num mundo de
tantos apelos às compras e às diversões.
A pandemia nos aproxima por
representar uma experiência comum a todos. Ela reitera que estamos no mesmo
barco (quais pequenos ulisses que nem podem voltar para casa) e continuamos suscetíveis
a infecções vindas até do espaço intergalático (como sombriamente sugere um dos
curtas).
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