Sempre que vai um ano e vem outro, é comum refletir sobre o que se viveu e fazer planos para o futuro. O tempo, afinal, existe para isto: levar-nos a esquecer as frustrações pelo que não deu certo e nos estimular a fazer novos planos. Não há dúvida de que no atual momento, com o vírus circulando por aí, as metas vão encolher bastante. Como projetar viagens não sabendo se será possível realizá-las? Como programar festas, de aniversário ou do que for, se os epidemiologistas continuamente nos alertam sobre o risco das aglomerações?
A luta contra
a pandemia está sendo difícil porque nem todos estão interessados em colaborar.
Se estivessem, abdicariam um pouco dos próprios interesses em benefício do bem
comum. Por que não fazem isso? Talvez por se acharem “imortais”, ou pensarem que
estatisticamente têm poucas probabilidades de ser acometidos pela doença. Como
se ela só atingisse os outros... É o velho egoísmo triunfando sobre as nossas
ralas propensões altruístas.
2021
vai ser o ano da vacina. Ou das vacinas, pois haverá muitas, com diferentes
níveis de eficiência para as distintas faixas da população. O vírus não se
extinguirá sem que em nosso organismo proliferem os anticorpos capazes de
devorá-los. Curiosamente, ainda assim há quem se oponha a esse inestimável recurso
da ciência – por ignorância, birra ou (o que parece mais comum) posicionamento
ideológico. Chega-se ao ponto de desejar o fracasso de quem se empenhe em
importar um tipo de vacina que tenha mais eficácia na cura da doença.
O réveillon
é também sinônimo de Carnaval, mas fica difícil antecipar uma folia que não vai
se prolongar em fevereiro. Principalmente se a gente se lembrar de que, no
período carnavalesco passado, foi o vírus quem fez a festa. A tendência (pelo
menos para os prudentes) é ficar em casa abraçando os parentes próximos, com os
quais se tem a certeza de não correr riscos. Haverá em tudo isso algo de
sombrio, claro. É grave e penoso meditar sobre o tempo quando paira no
horizonte a ameaça de um vírus letal. Ele é uma sombra que só irá se desfazer
quando a vacina começar a produzir os seus efeitos.
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