sábado, 15 de outubro de 2022

Divagando se vai longe (20)

As pessoas costumam curtir postagens em que os autores se dizem sofredores e insatisfeitos com suas vidas; parece que isso capta melhor a atenção do que se confessar satisfeito e feliz. Não é difícil entender o motivo. O ser humano tende a se identificar com quem relata as próprias desventuras, que são também as dele. É pela identificação que ocorre a catarse, o alívio, que não acontece quando nos deparamos com o relato de vidas “perfeitas” e, por isso, tão diferentes da nossa. 

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A crença religiosa não existe para que o indivíduo se salve em outro mundo, mas para que se salve neste. É com base nisso que a fé dispensa comprovação. O indivíduo acredita porque necessita acreditar, e não porque alguma evidência objetiva fundamente a sua crença. 

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A evolução é um sentido inteligível dado ao impulso de sobreviver. Evoluímos moldando-nos ao que o nosso engenho produz, e um pouco por força dele. Não há outra forma de ir em frente e não há como voltar atrás. 

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É errôneo dizer que alguém só acredita no que vê. O que vê a gente constata. A crença só pode existir no que se supõe ou imagina, não no que se vê. As crenças se fundamentam mais em nossos desejos do que em evidências da realidade. 

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Quem considera apenas seu deus verdadeiro está negando a verdade do deus dos outros. Consequentemente, nega a própria ideia de Deus, que se define como uno e absoluto. As religiões, nesse sentido, são o que há de menos divino na fé. Derivam de circunstâncias, temperamentos, acidentes históricos, e refletem o empenho do homem em prevalecer sobre os outros homens. O sentimento de comunhão com a Divindade pode perfeitamente existir fora das igrejas.  


2 comentários:

  1. Algo filosófico essa catarse... Algo Hursel existencial e humanista... Voltar - se ao sujeito e as coisas como são

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O silêncio do inocente