A melancolia é a tristeza pelo que radicalmente nos falta. Cura-se por dispositivos simbólicos (a crença em Deus é uma de suas terapêuticas), e não por remédios. O que se cura por medicamentos é a depressão, que pode inclusive afetar os não melancólicos.
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Quem descobriu que a Terra é chata não foram os
astrônomos. Foram os melancólicos.
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O melancólico tem uma relação paradoxal com o tempo.
Lamenta que ele passe, mas precisa dele para sair do estado em que se encontra.
Uma das sensações mais comuns nele, por sinal, é a de que o amanhã não chega
nunca.
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Dizem que o melancólico não tem fé. Isso não é
verdade. Ele pode não ter crença, mas não lhe falta a fé. O corpo lhe assegura
a esperança de triunfar sobre o vazio.
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O melancólico pensa lento e profundo. Deixem-no seguir
seu ritmo, pois a pressa o exaspera ou mata.
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O otimista acha que o pouco é muito; o pessimista, que
o muito é pouco; o melancólico, que “tanto faz”.
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Um pouco de melancolia faz bem; modera a euforia
improdutiva. Tem dias em que “se produz” mais ficando na cama.
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