Foi-se Gilberto Mendonça Teles, crítico literário, professor e poeta. No âmbito dos estudos literários, escreveu o elogiado “Vanguarda europeia e Modernismo brasileiro”, no qual reproduz e comenta os manifestos de vanguarda que influenciaram alguns dos nossos autores modernistas.
Para
ele nem toda vanguarda é boa, ou seja, nem toda ela enriquece com novas
técnicas e formas a poesia. Daí o apelo um tanto jocoso que faz no poema
"Prece", publicado em “Arte de armar”: “Ah! Meu anjo bom,/ meu anjo
da guarda,/ livrai-me do mal.../ dos maus da vanguarda."
Sua
produção poética é marcada por uma aguda consciência artesanal e pela
valorização da metalinguagem, que corresponde a uma crise e, ao mesmo tempo, a
um revigoramento da poesia.
Cheguei
a ouvir dele: “Em vez de tematizar velhos universais como o amor, a Natureza, a
saudade, os poetas passaram a se debruçar sobre o próprio fazer poético”. Isso
explicava a sua admiração pela poesia de Drummond, entre outros modernos, sobre
cujas repetições estilísticas escreveu um estudo que se tornou clássico.
O
autor de “José”, a propósito, foi um dos presentes ao almoço comemorativo dos
seus 50 anos, ocorrido na Churrascaria Porcão, no Rio. A foto é um flagrante
dessa comemoração; nela aparecemos eu e Denise com Gilberto (à esquerda) e com
o amigo e escritor Virgílio Moretzsohn Moreira, também falecido.
Um dos títulos mais importantes de Gilberto é “Saciologia goiana”, em que utiliza o mito do Saci para discutir erotismo, realidade político-social e intertextualidade no quadro da tradição literária. Consciente do próprio valor, não se importava com ser reconhecido “agora”. Confiava no juízo do tempo, que é sempre o senhor da última palavra.
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