quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Falta de jeito

Terça-feira passada, como sempre ocorre no Big Brother, foi dia de paredão. Quem assistiu ao programa notou um fato curioso: antes de apresentar o veredicto do público, Pedro Bial leu um discurso indicando o motivo para a eliminação do candidato.
O discurso tinha a veemência possível num programa dessa espécie e o caráter de uma reprimenda. Parecia que a produção fazia um alerta, embora desnecessário, aos demais concorrentes.
O teor das palavras do apresentador foi mais ou menos o seguinte: não basta estar aqui; é preciso mostrar que se quer ganhar o jogo. Ninguém perdoa quem se comporta com mornidão e sugere que é indiferente continuar ou não na disputa. Se os candidatos não demonstram ambição e gana, a batalha perde o sentido.
Mal ele começou a falar, já sabíamos quem ia sair. O fleumático ali não era o Rafinha, que desde a escolha para o paredão parecia um pássaro assustado. Vez por outra as câmeras o mostravam sozinho, com o ar sombrio e os lábios se mexendo como se estivesse rezando. Quem parecia alheio ao drama, posando de espectador, era o cearense Rafael “Galego”. O público não lhe perdoou esse aparente desligamento.
Ao ir embora, o acadêmico de medicina não quis ficar por baixo. Meio sem jeito, atrapalhado com as luzes e as câmeras, deu a entender que tinha consciência do que havia feito. Seu mutismo fora estratégico. Estivera na casa “para curtir”, para assumir uma postura que, ele sabia muito bem, não ia agradar nem aos telespectadores nem à produção do programa.
É difícil acreditar nessa justificativa. De repente o rapaz tímido e tartamudo, que sempre víamos com a mão no queixo como se quisesse proteger o rosto dos olhares do Brasil, assume ares de contestador. Procura passar a imagem de um anticandidato, para quem pouco importava ganhar ou perder.
Não teria sido mais honesto admitir que lhe faltava jeito? Nem todos os que são escolhidos por causa da beleza se dão bem no dia-a-dia da casa. Para estar ali é preciso ter malícia e algum despudor. É preciso saber “fazer um tipo”, demonstrar esperteza sem chegar ao extremo do mau-caratismo.
Rafael parecia longe de preencher esse figurino. Então se comportou como a raposa da fábula, dando a entender que esnobava o programa e seus participantes. Fingiu na hora errada e acabou se revelando incoerente. Se menosprezava assim aquele circo, o que é que estava fazendo lá?

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