A associação entre pedofilia e Igreja aparecia em esparsas e por vezes camufladas reportagens na mídia. Com a renúncia de Bento XIV, cessaram as tentativas de escamotear a gravidade do problema. O renunciante admitiu que a prática desse desvio por membros do clero foi uma das razões que o levaram a deixar mais cedo o pontificado. O mundo entendeu e aplaudiu o seu gesto; Joseph Ratzinger já não tinha forças para combater esse e outros inimigos que ameaçam o prestígio da religião católica.
Todos sabem que a Igreja nunca foi santa, pois é feita por homens. Histórias de corrupção, desvios sexuais, execuções em autos de fé marcam a sua trajetória. Tudo isso constituiu abalos que afastaram alguns, mas não foram nem serão capazes de destruí-la, pois a sua essência transcende os atores que provisoriamente a encarnam -- ou pensam encarná-la. Para além dos homens está a força da Palavra, o repositório de conceitos e imagens que dão a milhões de pessoas conforto e sentido.
Nenhum código moral ou religioso, contudo, sobrevive apenas de retórica. Por mais que sejam sábias as verdades, poéticas as revelações, grandioso o significado, é preciso honrá-los com a prática do dia a dia. Mostrar que se acredita neles, do contrário o descompasso entre ação e doutrina acaba desmoralizando esta última. Já o Padre Antônio Vieira investia do púlpito contra os que pregavam “palavras de Deus”, mas não “a palavra de Deus”. Ele condenava nos clérigos do seu tempo a falta de sintonia entre ação e pregação, a hipocrisia traduzida no divórcio entre discurso e comportamento.
Não sei bem que requisitos serão necessários ao novo papa, mas me parece indispensável que ele veja com bons olhos a figura da mulher. Na Bíblia, ela frequentemente aparece como um elemento de cisão, uma força demoníaca. No atual momento, pode mais unir do que separar. Quero dizer que talvez esteja na hora de a Igreja extinguir o celibato sacerdotal.
Sabe-se que o celibato existe não por razões sexuais, mas econômicas. Padre com família para sustentar onera as finanças da Igreja e tende a reduzir seu rico patrimônio. É um conduto a mais por onde escoar o dinheiro que alimenta a especulação financeira e estimula a corrupção nos chamados institutos pontifícios. Por que, então, insistir em desconhecer nos padres o imperativo natural do sexo? Quanto o Vaticano não tem gastado com ações judiciais para impedir a prisão dos pedófilos? Se a questão é financeira, vale a pena fazer a conta para ver o que sai mais econômico.
Dizem que o fim do celibato não iria resolver o problema. Pode não resolver, mas vai reduzi-lo significativamente. O que o pedófilo procura na fragilidade impúbere das crianças é a delicadeza do corpo feminino. Como a libido não conhece freios, ele as usa como objetos substitutivos. Nem tudo, afinal de contas, é possível sublimar. Tão forte quanto o que ilumina o espírito, ou pulsa no coração, é o que lateja sob a batina.
A pedofilia é um crime bárbaro, pois agride e corrompe inocentes. A Igreja precisa extirpá-la para resgatar, em toda a sua pureza, o sentido das palavras de Jesus: “Deixai vir mim as criancinhas”. Pela boca dos que agora o desvirtuam, esse apelo soa irônico e escandaloso. Produz um calafrio de horror.
Todos sabem que a Igreja nunca foi santa, pois é feita por homens. Histórias de corrupção, desvios sexuais, execuções em autos de fé marcam a sua trajetória. Tudo isso constituiu abalos que afastaram alguns, mas não foram nem serão capazes de destruí-la, pois a sua essência transcende os atores que provisoriamente a encarnam -- ou pensam encarná-la. Para além dos homens está a força da Palavra, o repositório de conceitos e imagens que dão a milhões de pessoas conforto e sentido.
Nenhum código moral ou religioso, contudo, sobrevive apenas de retórica. Por mais que sejam sábias as verdades, poéticas as revelações, grandioso o significado, é preciso honrá-los com a prática do dia a dia. Mostrar que se acredita neles, do contrário o descompasso entre ação e doutrina acaba desmoralizando esta última. Já o Padre Antônio Vieira investia do púlpito contra os que pregavam “palavras de Deus”, mas não “a palavra de Deus”. Ele condenava nos clérigos do seu tempo a falta de sintonia entre ação e pregação, a hipocrisia traduzida no divórcio entre discurso e comportamento.
Não sei bem que requisitos serão necessários ao novo papa, mas me parece indispensável que ele veja com bons olhos a figura da mulher. Na Bíblia, ela frequentemente aparece como um elemento de cisão, uma força demoníaca. No atual momento, pode mais unir do que separar. Quero dizer que talvez esteja na hora de a Igreja extinguir o celibato sacerdotal.
Sabe-se que o celibato existe não por razões sexuais, mas econômicas. Padre com família para sustentar onera as finanças da Igreja e tende a reduzir seu rico patrimônio. É um conduto a mais por onde escoar o dinheiro que alimenta a especulação financeira e estimula a corrupção nos chamados institutos pontifícios. Por que, então, insistir em desconhecer nos padres o imperativo natural do sexo? Quanto o Vaticano não tem gastado com ações judiciais para impedir a prisão dos pedófilos? Se a questão é financeira, vale a pena fazer a conta para ver o que sai mais econômico.
Dizem que o fim do celibato não iria resolver o problema. Pode não resolver, mas vai reduzi-lo significativamente. O que o pedófilo procura na fragilidade impúbere das crianças é a delicadeza do corpo feminino. Como a libido não conhece freios, ele as usa como objetos substitutivos. Nem tudo, afinal de contas, é possível sublimar. Tão forte quanto o que ilumina o espírito, ou pulsa no coração, é o que lateja sob a batina.
A pedofilia é um crime bárbaro, pois agride e corrompe inocentes. A Igreja precisa extirpá-la para resgatar, em toda a sua pureza, o sentido das palavras de Jesus: “Deixai vir mim as criancinhas”. Pela boca dos que agora o desvirtuam, esse apelo soa irônico e escandaloso. Produz um calafrio de horror.
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