A convite dos editores de “Língua Portuguesa”, comecei a escrever
no site da revista um blog sobre redação. O propósito é em cada postagem
apresentar dicas para redigir com propriedade, correção e clareza. O público-alvo
são vestibulandos (sobretudo os que vão fazer o Enem), candidatos a concursos
públicos e demais interessados em aprimorar a produção textual.
O
blog se intitula “Na ponta do Lápis” e traz como texto de abertura uma matéria
sobre repetição de palavras e ideias (http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-ponta/e-mais-grave-repetir-ideias-do-que-palavras-293815-1.asp). Tem um objetivo didático e
também jornalístico, pois procura informar o leitor sobre o que escritores, críticos
e teóricos da literatura dizem sobre o ato de redigir, que não se confunde com o
de escrever (no sentido literário). Redator não é necessariamente escritor, por
isso uma boa redação está ao alcance de qualquer pessoa que leia e pratique.
No blog pretendo sequenciar o trabalho que venho fazendo nesta coluna e em
outros dois blogs que mantenho, sobretudo o “Por um texto melhor” (http://chicovianaporumtextomelhor.blogspot.com.br). É um trabalho também articulado
com minhas atividades em sala de aula, de onde tiro a maior parte do material
que serve de base para exemplos, comentários e exercícios de refeitura. Para
ser objetivo no ensino de redação, nada como trabalhar a partir da produção dos
alunos. Essa é uma forma de evitar as abstrações e os achismos, mantendo o foco
no que interessa
E o que interessa
tem quase tudo a ver com o uso da língua. Todo o mundo sabe que escrever bem
não é apenas escrever certo, mas não há como chegar à primeira dessas metas sem
atentar para a segunda. Escrever certo é conhecer a gramática (o que não se
confunde com o mero domínio da nomenclatura) e saber o que na língua “funciona”
do ponto de vista semântico e estrutural. Dominar a lógica da gramática, como
observa Francine Prose num livro para escritores, contribui para a lógica do
pensamento. Se a primeira condição para escrever bem é pensar bem, não há então
como dispensar o conhecimento gramatical.
No blog tratarei dessas e de outras questões referentes
aos requisitos para a elaboração de um bom texto. Entre elas, a relação entre
conteúdo e forma, que hoje se confunde com o problema dos gêneros textuais e
dos registros de linguagem (tão explorados no Enem). Quem escreve visa a determinado
fim e deve mobilizar os vários recursos da língua para atingir seu objetivo. Deve
também, a partir da leitura de outros textos e da observação do mundo, saber
selecionar e utilizar argumentos.
“Na ponta do lápis” é mais uma frente que
se abre num trabalho contínuo, sistemático e basicamente voltado para a sala de
aula. O fato de esse blog vir a público, e numa publicação prestigiosa como a
revista da Editora Segmento, é para nós motivo de satisfação. Vale como um
reconhecimento e um estímulo. Espero por meio dele continuar sendo útil aos que
desejam comentar, discutir e sobretudo praticar a língua, que é um instrumento essencial
para o homem se conhecer e atuar no mundo.
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