"Viver é perigoso."
Que a vida é cheia de perigos, todo o
mundo sabe. O que há de engenhoso nesse aforismo de Guimarães Rosa é a
atribuição do perigo ao próprio ato de viver. A escolha do verbo em vez do nome
(a vida) destaca o processo, o trabalho para alguém a cada dia se manter vivo. A frase
evoca os perigos do sertão, onde são inúmeras as ameaças à existência, mas se
aplica ao homem de todos os lugares (mesmo porque o Sertão, conforme o próprio
Rosa nos ensina, é mais uma dimensão interior). Onde há homem, há selva, por
isso não se pode facilitar. O preço de estar aqui é a contínua apreensão, da
qual o ser humano só escapa quando morre. Enquanto isso vai se dividindo entre
Deus e o Diabo, que disputam sua alma.
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