quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Do baú (12)

O maior favor que o escritor pode fazer ao leitor é ser sincero. Geralmente os que fogem à sinceridade o fazem por medo do ridículo, como se as íntimas verdades que expõem não fossem também as de quem os lê. O terreno comum aos homens é o das fraquezas disfarçadas, vilanias escondidas, aspirações muitas vezes inconfessáveis; o leitor agradece a quem o leva a se deparar com tudo isso, que também compõe o seu cenário interior.
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Participar das redes sociais não deixa de ser uma forma de se sentir importante. Nelas o indivíduo se torna alvo da atenção dos outros, o que no fundo todo ser humano deseja.  
O problema é a qualidade das informações. Nas redes se divulga o interessante e, sobretudo, o desinteressante. Muitos têm curiosidade por tais irrelevâncias, que na maior parte das vezes são semelhantes às suas. O que nos identifica com os outros são as quinquilharias, já que nem tudo o mundo dispõe de grandes feitos para ostentar.
Mas as redes cumprem o seu papel, que é o de aproximar as pessoas (às vezes também afastá-las!). Elas são coluna social, álbum de família, repositório de fofocas... Permitem que a gente “se mostre” e curta a exposição dos outros.
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Há quem diga que não vale a pena se casar, pois o amor acaba. Para mim é justamente o contrário: a efemeridade do amor é a maior justificativa para o casamento, que de alguma forma pode realimentá-lo.  
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          De onde vem a culpa, esse império escuro que nos rouba a alma? Não devemos corresponder senão a nós mesmos, no entanto não conseguimos ter isso como uma verdade. Será sempre um problema de cada um conquistar a liberdade interior.
A culpa, como todos os freios, precisa ser graduada. O excesso de freio impede que o carro se locomova; a falta dele o faz desembestar, com as terríveis possibilidades que isso implica.
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O que é o tempo! As garotas bonitas que me ignoravam nas paqueras da Lagoa, ou na calçadinha da praia, hoje são senhoras simpáticas que me cumprimentam e até sorriem para mim. Agora não vale! Eu queria isso antes!!
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A razão é um demônio que vez por outra precisa dar uma sacudida no anjo da fantasia. Esse anjo, com suas róseas maquinações, pode entorpecer ou cegar. Nessas horas é necessário clarividência para não sucumbir às ilusões.

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O silêncio do inocente