O maior favor que o escritor pode fazer ao leitor é ser
sincero. Geralmente os que fogem à sinceridade o fazem por medo do ridículo,
como se as íntimas verdades que expõem não fossem também as de quem os lê. O terreno
comum aos homens é o das fraquezas disfarçadas, vilanias escondidas, aspirações
muitas vezes inconfessáveis; o leitor agradece a quem o leva a se deparar com
tudo isso, que também compõe o seu cenário interior.
****
Participar das redes sociais não deixa de ser uma
forma de se sentir importante. Nelas o indivíduo se torna alvo da atenção dos
outros, o que no fundo todo ser humano deseja.
O problema é a qualidade das informações. Nas redes se
divulga o interessante e, sobretudo, o desinteressante. Muitos têm curiosidade
por tais irrelevâncias, que na maior parte das vezes são semelhantes às suas. O
que nos identifica com os outros são as quinquilharias, já que nem tudo o mundo
dispõe de grandes feitos para ostentar.
Mas as redes cumprem o seu papel, que é o de aproximar
as pessoas (às vezes também afastá-las!). Elas são coluna social, álbum de
família, repositório de fofocas... Permitem que a gente “se mostre” e curta a
exposição dos outros.
****
Há quem diga que não vale a pena se casar, pois o amor
acaba. Para mim é justamente o contrário: a efemeridade do amor é a maior
justificativa para o casamento, que de alguma forma pode realimentá-lo.
****
De onde vem a culpa, esse império escuro
que nos rouba a alma? Não devemos corresponder senão a nós mesmos, no entanto
não conseguimos ter isso como uma verdade. Será sempre um problema de cada um
conquistar a liberdade interior.
A culpa, como todos os freios, precisa ser graduada. O
excesso de freio impede que o carro se locomova; a falta dele o faz
desembestar, com as terríveis possibilidades que isso implica.
****
O que é o tempo! As garotas bonitas que me ignoravam
nas paqueras da Lagoa, ou na calçadinha da praia, hoje são senhoras simpáticas
que me cumprimentam e até sorriem para mim. Agora não vale! Eu queria isso
antes!!
****
A razão é um demônio que vez por outra precisa dar uma
sacudida no anjo da fantasia. Esse anjo, com suas róseas maquinações, pode
entorpecer ou cegar. Nessas horas é necessário clarividência para não sucumbir às ilusões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário