terça-feira, 7 de novembro de 2017

Enem

É divertido ver aquele pessoal que se atrasa para a prova do Enem. Teve um que chegou cerca de dois segundos antes de o portão fechar. Agora vai ter mais um ano para treinar e ver se melhora o tempo.
A corrida para chegar na hora termina dando certa literalidade à expressão “maratona do Enem”; tem até torcida. O Inep devia pensar nisso e instituir um prêmio para os primeiros colocados.
Como a imprevidência quanto ao horário é sugestiva de outros descuidos, os atrasados certamente não vão passar. O prêmio poderia servir de consolo.
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Gostei do tema da redação do Enem. Gostei até por motivos pessoais. Conheço de perto a batalha dos surdos para vencer a discriminação, ter acesso à escola e conquistar um lugar no mercado de trabalho.
Apenas achei que a temática da educação inclusiva, por ser abrangente, poderia envolver outros grupos com necessidades especiais. O aluno teria mais elementos para se posicionar e apresentar seus argumentos. O que os textos motivadores trouxeram é pouco para cobrir um assunto complexo como a “formação educacional” (expressão redundante) dos surdos.
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O modelo de redação do Enem precisa ser repensado. A dissertação argumentativa é, de fato, o melhor gênero para avaliar de forma isenta o aluno (a narração, por exemplo, demanda habilidades mais de escritor do que de redator). O problema é que o formulismo com o qual esse gênero tem sido ensinado vem cerceando a inteligência e a criatividade dos alunos.  
Parágrafos feitos de generalidades, citações aplicáveis a qualquer tema, propostas de intervenção que envolvem os mesmos agentes e ações são alguns dos recursos que podem ser "estocados" (já vi citações que nada tinham a ver com o tema em redações que obtiveram 1000). A memória passa a ser mais importante do que o raciocínio e a imaginação.  
Minha proposta é que se volte à variedade de gêneros, incluindo outras possibilidades como o resumo, o comentário crítico, a carta argumentativa. 

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