“O destino de uma nação” aborda a
atuação de Winston Churchill como primeiro-ministro num momento extremamente delicado
para a Europa. Hitler ameaçava invadi-la, e os políticos britânicos achavam que
só um acordo com o Führer poderia impedir que isso ocorresse. Churchill (vivido
ou “revivido” por Gary Oldman) discordava. Achava que nada poderia deter a
ambição dos alemães, e um acordo não seria mais do que um eufemismo para a derrota.
O filme mostra a luta do primeiro-ministro
para fazer prevalecer o seu ponto de vista.
Destaca a figura carismática e imprevisível do homem birrento (e às
vezes bem-humorado), que tomava uísque no café da manhã. Poucos tinham uma
visão tão ampla da História e conheciam tão bem os seus atores (de heróis a
vilões como Hitler e Mussolini). Sua maior arma, porém, era a habilidade
verbal.
Não são poucos os manuais de literatura que
fazem referência ao seu estilo conciso e vigoroso. Ele escolhia palavras curtas
e preferia substantivos a adjetivos e advérbios. Sua obsessão pelo termo exato
transparece no trabalho que dava à jovem datilógrafa (interpretada por Lily
James) e na preocupação em retocar o discurso que faria à nação pela BBC; prestes
a entrar no ar, ainda cortava e substituía passagens do manuscrito. Exemplos de
concisão e rigor são as metonímias que aparecem em sua famosa exortação ao povo
inglês: “Sangue” (luta, se necessário até à morte), suor (trabalho) e lágrimas
(sofrimento)”.
Leitor de Cícero e Horácio (citados no
filme), Churchill conhecia o poder e o alcance das palavras. Foi em grande parte graças
a elas que, depois de sondar a vontade do povo (numa bizarra viagem de metrô), conseguiu
a adesão entusiástica do Parlamento. Poucas figuras da História testemunham, como
ele, a estreita associação que existe entre palavra e liberdade.
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(Foto:
Chico Viana em frente à estátua de Winston Churchill na Praça do Parlamento, em
Londres).
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