quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Do baú (14)

 Amar é respeitar a solidão do outro. É não considerar o seu silêncio como indiferença ou rejeição. Os diálogos que alguém tem consigo muitas vezes só são possíveis porque existe ao lado uma presença confortadora, que estimula a reflexão e impede que a solidão seja sentida como abandono. 
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      Não se pode julgar uma pessoa por sua crença. Querer que alguém adira a determinado credo constitui um abuso contra as liberdade individual. Se o pensar é livre, a crença também o é. O crente tenta convencer o outro dizendo “ minha crença é a verdadeira”.
       Nada o autoriza a afirmar isso, pois a verdade de uma crença é sobretudo a verdade de quem crê. Em vez de a crença ser “minha por ser verdadeira”, ela se mostra “verdadeira por ser minha”.
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Em crise de identidade, ele resolveu fazer análise para descobrir quem era. Depois que descobriu, entrou em crise moral.
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Segundo Camus, o grande problema filosófico é o do suicídio. Entende-se. O suicida assume conscientemente o propósito de morrer, ou seja, nele o intelecto vai de encontro ao instinto de sobrevivência. Normalmente razão e impulso vital caminham juntos, e a dissociação entre eles não deixa de representar um curioso enigma para a filosofia.
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         É importante destacar quanto a linguagem concorre para a construção, em nós, do que se chama de alma. A transcendência, que caracteriza a alma, decorre do sentido que damos a nós e às coisas. Existe no homem o propósito de se espelhar em tal sentido, que ele percebe como algo profundo e superior. A alma, seja lá o que signifique, permite que ele se sinta distante da anônima e indiferente natureza.
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        Sábio é quem descobre e aceita a verdade mesmo quando ela não o favorece. Isso contudo é difícil de ocorrer, pois a maioria de nós prefere viver de ilusões.

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O silêncio do inocente