O homem é um animal filosófico.
A opção pelo misticismo não se
estende a todos, pois
exige fé, mas
a filosofia é inevitável
em nossa
relação com
o mundo. Somos seres
pensantes, e pensar
é filosofar.
Apesar disso, tentados por
soluções fáceis que
nos prometem uma imaginária
felicidade, vivemos afastados da filosofia. Temos medo dela,
pois o roteiro
dos filósofos exige de nós reflexão, disposição
transformadora, avaliação contínua do nosso comportamento.
Os filósofos propõem uma meta
aparentemente inatingível: a felicidade sem ilusões. Será que
isso existe? É possível
ao homem ser feliz no cru, isto é, defrontando-se com
as dolorosas evidências que o cercam – doenças,
desigualdade social, perspectiva da morte?
Filósofos como
Michel Onfray e Lou Marinoff dizem que sim. Para eles é preciso que o homem deixe de lado os mitos, alimentadores da crença
religiosa, e elejam a razão como guia.
Mais Platão e menos
Prozac – propõe Marinoff, que publicou um livro com esse título e se rebela contra
a ideia de que os antidepressivos
podem nos trazer
alívio existencial. O Prozac apareceu como uma espécie
de pílula da felicidade.
Chegou a estar na moda até
que se descobriram seus
perigosos efeitos colaterais,
inclusive o de induzir ao
suicídio.
Até hoje não consta que alguém tenha se matado
depois de ler
Platão. Morreram alguns adeptos do tal amor platônico,
no século XIX, mas
isso ocorria mais
por deformação romântica do que pelo idealismo dos sentimentos.
Onfray é mais radical. Com um rigor bem
francês, prega
a abolição de todas as ilusões
religiosas: “Só o homem
ateu pode ser
livre, porque
Deus é incompatível
com a liberdade
humana”. Assim
como Marinoff, ele
procura estender
a filosofia ao grande
público e, de certa
forma, ocupar o espaço hoje
preenchido pelos gurus
da autoajuda.
Se o projeto
deles der certo, teremos daqui a algum tempo os
filósofos fazendo concorrência aos psicanalistas e aos padres.
Será mais uma alternativa
a que entregar
nosso inquieto espírito.
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