terça-feira, 16 de outubro de 2012

Aos mestres, com respeito

“Veja” e “Época” trazem reportagem sobre o novo mal que vem atingindo as escolas: a indisciplina escolar. Digo “novo” porque o mau comportamento em sala de aula sempre houve, mas não com as características que se veem agora.
A nova indisciplina não decorre apenas do desejo de desafiar a autoridade, que segundo psicólogos pode ser salutar em jovens que buscam a autoafirmação. Contestar, discutir, medir forças pode ser positivo para o desenvolvimento da personalidade. Estranho seria se a meninada aceitasse passivamente o que lhe é imposto, acomodando-se sem protesto aos padrões educacionais.
O que tem caracterizado os novos rebeldes é, além do desrespeito absoluto pelas normas, o desdém pela figura do professor. Antigamente o desafio não implicava o desrespeito; contestava-se a autoridade reconhecendo-a como autoridade, sem o propósito de reduzi-la a coisa menor.
Agora a rebeldia vem acompanhada de depreciação. Em muitos casos o professor é humilhado devido à condição social. Alguns alunos fazem questão de deixar claro que ele é um empregado pago por seus pais, portanto não tem o direito de dar ordens. Manda quem paga. O resultado é que vem se instalando entre os professores o pânico de enfrentar a sala de aula. Muitos, quando podem, mudam de profissão.
Tudo isso constitui um equívoco lamentável. O professor não é um inimigo, é um aliado. Tem a função não apenas de formar o aluno, como também de levá-lo ao triunfo profissional. No ambiente competitivo em que vivemos, é estúpido desprezar quem nos ajuda.
O pouco caso que hoje se faz do professor reflete o menosprezo que existe pela escola. Ao buscar desmoralizá-lo, muitas vezes com a cumplicidade dos pais e dos donos dos colégios, o aluno demonstra quão insignificante considera a instituição escolar. Se não está disposto a aprender sob a orientação de quem sabe mais, o que ele está fazendo na classe?
Nem sempre se pode ir aos mestres com carinho. Mas pelo menos que se vá a eles com respeito.

(Em "A idade do bobo", p. 87)

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